O projeto foi pensado para alertar sobre o aparecimento de tubarões na orla e conscientizar a população sobre os ataques, evitando qualquer forma de perturbação do animal e ainda se tornando um atrativo cultural para a cidade.

Vez ou outra os ataques de tubarões nas praias do Recife e Região Metropolitana viram tópicos de debates. Um problema que assola a população há mais de duas décadas e que parece não encontrar uma solução que seja benéfica para os banhistas e para os animais.

Pensando nisso, procuramos entender melhor a problemática e tentar encontrar uma maneira de conscientizar os banhistas e tornar o ambiente da praia mais seguro para todos.

Após uma desk research sobre o tema, analisamos soluções de mercado implementadas em outros locais que passaram pelo mesmo problema:

• Dissuasores magnéticos (pulseiras com ímã)
• Cera de prancha com cheiro (óleo de cravo ou pimenta)
• Dispositivos de som (predadores como baleia assassina)
• Roupas de camuflagem (imita presas venenosas)
• Repelentes químicos (cheiro de tubarão morto)

Mas o que essas soluções têm em em comum?

Custam caro: Geralmente com pagamento em dólar;
Não são efetivas: Cobrem um raio de até 1m e não param o tubarão;
Irritam o animal: Alto risco de perder um membro do corpo.

Ações públicas

Atualmente no Estado, o CEMIT (Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões) tem utilizado alguns métodos pouco eficazes na redução dos ataques:

Placas de sinalização para conscientização: Sem manutenção; depredadas.
Monitoramento dos tubarões via chip: Projeto caro ainda em andamento.

Com base nos dados analisados, partimos então para a definição de um projeto que possa suprir a necessidade de conscientização da população sobre os riscos e que também seja um ambiente menos nocivo para o tubarão.

No nosso momento de ideação buscamos utilizar métodos que nos dessem uma visão geral sobre a forma como a praia é utilizada pela população para que nossa solução não interferisse diretamente com esse momento cultural do Recife. E, a partir da consciência de como a praia é utilizada, seguimos para as etapas seguintes.

Nesta fase exploramos e organizamos as possibilidades de solução. Com o método do Diagrama de Lótus percebemos pontos importantes para tornar a nossa solução viável:

• Sensores no mar (detectar movimento do animal)
• Sinalização na orla (luzes de alerta)
• Tela para avisos e conscientização
• Plataforma web (população indica onde o animal apareceu)

Assim, definimos que um totem cumpriria com as funções de alertar e conscientizar a população, além de poder ser reproduzido em grande escala.

Seguimos para o momento de idealizar o projeto final. Queríamos algo que chamasse a atenção dos banhistas e que não tivesse um papel apenas instrucional mas também artístico e cultural.

Utilizamos a técnica do Crazy Eights em conjunto com o método Round Robin por ser uma técnica rápida e visual para explorar nossas ideias, além de poder usar o método para evoluir uma proposta já desenhada em nosso momento de ideação.

Assim ilustramos alguns modelos e, analisando os riscos de cada um, concluímos em projetar um totem cultural modular com um indicativo luminoso em seu topo.

Com base no modelo desenhado, buscamos materializar o totem com massa de modelar, por ser uma alternativa rápida e de baixo custo. Em paralelo, testamos os alertas visuais na parte elétrica da solução, utilizando uma placa de Arduíno e um LED vermelho.

Tomamos cuidado para balancear as figuras presentes no totem, pensando em peso, altura e localização na orla. Também prestamos atenção aos tipos de alertas visuais para não causar danos em pessoas predispostas a ataques epiléticos.

Uma luz amarela indica momentos do dia propícios à aparecimento de tubarões. Já uma luz vermelha indica que um tubarão está nadando próximo à orla.

Como produto final temos um totem que funciona como alerta visual em caso de detecção dos tubarões a partir do monitoramento feito por sensores e rastreamento.

Servindo também como atrativo turístico, o totem carrega diversos elementos da cultura pernambucana tendo como inspiração movimentos como o mangue beat, movimento armorial, xilogravuras, etc.

Na tela (localizada na base do totem) são exibidas diversas campanhas de conscientização para público. Além disso, são exibidos informativos sobre marés, hábitos da vida marinha local, o que fazer em caso de ataques, entre outras informações.

Devido ao período do projeto ser curto, não conseguimos desenvolver as campanhas e informativos para serem exibidos na tela do totem, porém é algo que temos vontade de trabalhar. Outro ponto de melhoria seria a implementação de QR Codes indicando exibições culturais pela cidade.

Percebemos no geral que o projeto envolve muito a comunidade, abrindo espaço para artistas contribuírem na confecção dos totens e utiliza tecnologia para dispor informações cruciais para evitar ataques.

Gostei muito da experiência em trabalhar com materiais incomuns ao meu dia a dia, mas que foram muito úteis ao escopo do projeto. Definitivamente voltarei a explorar mais do Arduíno, pois gosto de expandir minhas opções de prototipação, saindo um pouco das telas para algo tangível.